Tomografia Computadorizada

        A tomografia  usa  um  princípio  semelhante  ao  da  radiografia   convencional: tecidos de densidades diferentes absorvem com  intensidades   diferentes   o  feixe  de  raios  que  os atravessa. Na radiografia convencional, o feixe de raios atinge o filme, gerando   uma   imagem.   Entretanto,  em  nosso  corpo,  há   uma  infinidade   de  estruturas  que acabam  ocasionando uma sobreposição  de imagens que prejudica a nitidez. 

        O  tomógrafo  também   emite  raios x,  porém,   estes  não  atigem  um  filme, mas  sim  por  um  receptor  que  capta  as diferentes  quantidades  de  radiação  que  chegam após o feixe atravessar as estruturas estudadas. Ambos percorrem diferentes níveis  do  corpo  do  paciente,  e  as  informações  obtidas   são  enviadas  ao  computador  que  as  traduz  como  imagens  de cortes  anatômicos,  em  escala de cinza. Cada tipo de tecido, de acordo  com uma faixa de densidade, são  representados por um tom de cinza, o  contraste  entre  as  diversas  estruturas   cria   limites   bem  definidos  que   nos   permitem  identificar  a anatomia e suas alterações. É como se fossem feitas radiografias de cada corte, eliminando as sobreposições e aumentando a nitidez. 

     

INDICAÇÕES 

        Em otorrinolaringologia, a tomografia computadorizada se torna um excelente método de exame por imagem, já que é capaz de diferenciar com nitidez as estruturas ósseas e o ar, das partes moles.  Na avliação da cavidade nasal e dos seios paranasais, em especial, a tomografia se mostra uma excelente escolha, já que mostra de forma detalhada e nítida os seios, seu interior, conteúdo e até as delicadas estruturas do complexo osteomeatal. Alguns autores sugerem o uso de vasoconstrictores tópicos na cavidade antes da realização do exame para optimizá-lo, mas esse procedimento não é feito rotineiramente. 

 

 As principais indicações da tomografia são:

* Pesquisa de fratura em base de crânio ou ossos da face quando o raio x convencional não é suficiente para diagnóstico, localização precisa e avaliação.

* Suspeita de tumores benignos ou malignos

* Sinusite Crônica ( avalia obstrução dos complexos de drenagem, espessamento de mucosa e acometimento ósseo).

* Suspeita de complicações de sinusite aguda (abscessos orbitais ou cerebrais)

* Patologia do ouvido médio 

* Planejamento cirúrgico

 

 Cortes

 

        Os cortes são feitos nos planos coronal e axial, mas uma reconstrução sargital é realizada, permitindo diversas formas de visualização das estruturas.                                                        

 

                                                          Sargital              Axial               Coronal

 

        Na avaliação da cavidade nasal e seios paranasais, o corte que fornece mais informações é o corte coronal. Nele pode-se avaliar bem os cinco seios, seus limites laterais, superiores e inferiores, seu conteúdo e as importantes relações dos seios esfenoidal e frontal e das células etmoidais com o cérebro e a órbita ocular. Nesse corte, podemos ver com nitidez a lâmina crivosa, que separa o teto da órbita da caixa craniana e por onde passam os filetes nervosos da olfação, o que é importante na investigação de fraturas de base de crânio e fistulas liquoricas. A lâmina papirácea também é bem visualizada, mostrando a intima relação das estruturas perioculares com células etmoidais. Nas patologias etmoidais é importante avaliar possíveis expansões para órbita, que poderiam colocar em risco a visão do paciente. O complexo ostiomeatal também pode ser bem visualizado, permitindo avaliar se estar pérvio ou se há alterações. O corte axial nos permite visualizar os limites ântero-posteriores e laterais dos seios. Dá uma visão do septo e das conchas nasais em toda sua extensão, mostrando com nitidez desvios do septo. As relações do seio esfenoidal com a carótida interna também pode ser vista, assim como as relações com a órbita. A reconstrução axial complementa a investigação permitindo ver bem os limites ântero-posteriores dos seios, a relação dos seios frontal e esfenoidal e das células etmoidais com a caixa craniana e os ossos da pirâmide nasal.

 

Janelas

 

 

    Se todas as densidades do nosso corpo fossem representadas no filme, teríamaos uma imagem com uma infinidade de tons difícil de entender e interpretar. Para resolver esse problema, o computador é programado para representar por uma única cor uma faixa de densidades. Por exemplo, as densidades encontradas no tecido ósseo são representadas por uma única cor no filme nos permitindo identificar e delimitar com precisão diversas estruturas ósseas representadas na tomografia. Essa programação pode ser mudada nos permitindo visualizar um espectro maior ou menor de tons, criando maior ou menor contraste na imagem e destacando determinadas estruturas que se quer estudar. Na janela óssea, por exemplo, o tecido ósseo fica em destaque permitindo seu estudo em detalhes, mesmo naqueles ossos delgados e pequenos. A janela usada na avaliação dos seios paranasais destaca as estruturas ósseas, o ar e seu contraste com as partes moles. 

 

 

Cuidados

    Apesar de excelente método de imagem para diagnóstico e avaliação de doenças na otorrinolaringologia, a tomografia expõe o paciente a radiação e tem alto custo. Dessa forma, como toda investigação complementar, deve ser solicitada de forma racional, com indicação precisa, naquelas patologias nas quais a investigação clínica não foi suficiente e para as quais as informações obtidas na tomografia sejam úteis para o diagnóstico ou para determinação da conduta.